Conlang
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Idioma desenvolvido por Gabriel Heitelvan, para uma série de enredos criada por ele e vários outros autores. Os autores associados abandonaram a produção antes de uma publicação, o que por extensão destruiu o cenário em que o idioma seria usado.

A inspiração original veio do estereótipo das línguas de ficção científica, especialmente as usadas em enredos de viagem espacial: amplo uso quase desnecessário de apóstrofo e fonologia não muito diferente do inglês, mas usando encontros consonantais incomuns (descrição que abrange o Vulcano, o Romulano e o Mandoa, por exemplo), originando palavras como za'ha'dúni "depressa" e zun'ha'dum "pouco", referências ao nome Z'ha'dum (da série Babylon 5). O próprio nome do idioma, e o impulso original de criação, derivam do iconiano, idioma da Icônia, um mundo da série Jornada nas Estrelas. Mais tarde se agregaram influências de idiomas do leste asiático e Américas.

A versão original teve início em 1999, chegando a um vocabulário de 418 palavras. A partir de 2000, prosseguindo até 2005, uma segunda versão foi iniciada, chegando a acumular em torno de 2000 novos termos, que usavam uma fonologia bem diferente da usada pela primeira versão. Essas duas versões era usadas simultaneamente, como um único idioma, na produção de falas e textos, gerando um híbrido. Esse foi um erro grave de procedimento de produção, causado por pressa e indecisão ou desejo de preservar todas as versões, sem desacartá-las. A aparência dos textos resultantes era uma massa confusa de gramáticas e fonologias sobrepostas.

O Yikonyiano, sendo um idioma quase completo, mas deixado inacabado e cheio de erros, veio a causar em seu construtor um sentimento de assombração ou de inquietação lingüística. Por isso, em 2013, Hiimariwe decidiu concluir o Yikonyiano, num exercício de “libertação”, espantando o “fantasma do trabalho inacabado”. Para realizar essa conclusão, Hiimariwe criou um sistema de adaptação da fonologia da segunda versão, que seria mais complexa, à fonologia original, por uma simplificação. Ao fazer isso, preservaria as duas versões, como já a era a tradição durante a produção dos enredos, e corrigiria a aparência resultante, desfazendo a aparência híbrida. O resultado foi um idioma com aproximadamente 2500 palavras radicais, capazes de derivar para outros milhares de novos termos, gerando um idioma virtualmente completo. No entanto, o idioma fica apenas como uma relíquia de um cenário perdido.

O Yikonyiano era o idioma de um cenário muito influenciado por Star Wars, Power Rangers, Cavaleiros do Zodíaco e Duna. Num passado distante, em torno de 30.000 anos atrás, numa região distante da Via Láctea, um império estelar ameaçava uma certa parte da galáxia. Mas, num mundo chamado Yíkonyi existia um templo onde uma energia especial era mantida guardada: com essa energia foram produzidas armas e armaduras tecnomágicas para serem usadas por guerreiros locais e guerreiros de mundos vizinhos agregados, unidos numa resistência. Esses guerreiros, com essas armas e armaduras, puderam vencer esse império, trazendo a paz de volta à sua região da galáxia. Nos dias atuais, um resquício desse antigo império estaria se reerguendo, e ameaçava a Terra. E para defender nosso mundo, jovens humanos se uniriam e buscariam pelas armas e armaduras daquela antiga guerra. O Yikonyiano se trata do idioma usado na região onde ficava o Templo em Yíkonyi. Assim, era a língua compreendida pelas armas e armaduras, e que influenciava a energia guardada no Templo. Funcionava como um idioma de encantamentos usados em batalhas. Por isso, havia se tornado a língua comum dos mundos agregados na antiga resistência contra o império estelar.

Fonologia

As consoantes eram: p, t, k, b, d, g, m, n, f, s, h, v, z, l, todas com um valor idêntico ao do Alfabeto Fonético internacional; além dessas, existiam os dígrafos dj (como o j inglês) e sh (como no inglês) e a consoante r, soando como um toque alveolar [ɾ] quando dentro de palavra, e [h] quando em início de palavra. Sendo uma língua usada em vários mundos, acabava por desenvolver variações, sendo possível pronunciar h e r inicial como a fricativa surda uvular [χ], especialmente antes de vogal e no fim de palavras.

As vogais eram: a, e, i, o, u, com um valor idêntico ao do Alfabeto Fonético internacional, mas existindo liberdade para pronunciar-se e e o abertos, como [ε] e [ɔ]. Existia também o chevá [ə], comentado adiante.

A estrutura das palavras era (C)V(CV...)(C), sendo que qualquer som poderia iniciar e terminar.

Existia um grupo de consoantes que podia ocorrer antes das consoantes de qualquer posição, fossem iniciais, mediais ou finais: t, k, g, s, sh. Exemplos são: klap’h “gritar” e tkon “danificar” (posição cCVC(V)), fagt “mão” e host “osso” (posição CVcC), e djáshmouk “forte” (posição CVcCVVC). A partir dessa regra é que surgiam os encontros tsh e ts, como em tshea “boca” e tsa “esconder” (posição cCV(V)), que não devem ser tratados como consoante independente (ou seja, não se tratam de africadas [tʃ] e [ts]). Qualquer outra consoante podia ocorrer antes de outra consoante em posição inicial, mas neste caso surgia uma vogal de ligação sutil separando o encontro, um chevá [ə], representado pelo apóstrofo em p’vuín “terra gelada”, b’vark “cortar”, f’vaivagóul “espírito, âmago”, dj’bok “ruim”, v’kánigt “suspender, deixar pendurado”. Consoantes repetidas iniciais também eram expandidas com o apóstrofo-chevá, como em t’táh “ser igual a”.

Outro grupo de consoantes era o das que ocorriam antes de outras consoantes em qualquer posição, exceto como iniciais, servindo como semivogais ou ressonantes: l, m. Exemplos são hálb “casco de embarcação” e tshámb “fungar” (posição CVcC), albá “armazenar” e ómka “roda” (posição CVcCV). Esse grupo podia ocorrer combinado com o previamente citado, como em ílkve “declive” (posição VccCV).

Um último grupo consonantal especial era: r, h, n, z. Essas consoantes se comportavam como as semivogais previamente citadas, ocorrendo antes de outras consoantes no interior de palavras, e também formando combinações com o primeiro grupo citado, como em erme “célula”, ahdja “feixe” e dontshéh “deitar”, kezkti “seio”. Mas elas íam além disso, se comportando como consoantes silábicas, em qualquer posição, como em rkot “seguir” e mit’r “onze”, hdam “tênue” e kláp’h “gritar”, ngot “seis” e kuiák’n “fio de cabelo”, zsárit “badalar” e obóglev'z “tonel”. Surgiam também como inserção entre consoante e vogal, formando sílabas de formato CcV: como em breme “montanha”, vriha “chaminé”, dhálegon “abismo”, óvhats “clã”, shubní “purificar” e padzo “cabeça”. A partir daí surgia o encontro dz, que não deve ser tratado como consoante independente (não é africada).

As vogais se combinavam livremente, não existindo ditongos fixos. Assim se formavam hiatos, de tamanho livre, que podiam conter repetições, como em uáhouib “colo uterino”, aéiskarah "agora", hóuutshits “harmonia”, fadáee “imperador”, iip "mundo", Eliúu nome de um planeta, djáusf'h'vaa "prisma". Mas [i] e [u] podiam ser pronunciados como consoantes [j] e [w], facilitando a articulação.

A consoante g diante de u originava a sílaba vu (e não gu), assim como g diante de i originava yi (e não gi). Esse yi era sempre pronunciado como [ji], nunca como [ii], enquanto que o hiato em iip era proncunciado [ii] ou [ij].

Gramática

Uma das características do Yikonyiano era a existência de afixos que se ligavam não apenas ao começo ou fim de palavras, mas simultaneamente ao redor delas, chamados "circunfixos". Um desses circunfixos era g- -yi, ou seja, g- prefixado, simultâneo a um -yi sufixado, usado para derivar o nome de lugares, como em íkon "casa, família, clã", G-íkon-yi, pronunciado Yíkonyi "lugar dos clãs, mundo", devido à alofonia da sílaba gi. Ao ser usado com verbos, gerava o nome do lugar onde se pratica a ação, como em g'sáyi "esconderijo" (de tsa "esconder"), yíekyi "tribunal" (de íek "sentenciar"), gdivah'h'háyi "ponto de partida" (de divah'h'há "partir, ir embora") e vúrigyi "hotel" (de úrig "hospedar").

Outra característica era a existência de pronomes pessoais temporais (como no idioma Wolof): a frase "eu escondo" era rdjetsái'dja, e "eu esconderei" era rdjetsá'dja, onde -dja indica "eu", e o circunfixo rdje- -i- indica presente, e rdje- sozinho indica o futuro, não havendo necessidade de pronomes pessoais de sujeito isolados, pelo menos em linguagem coloquial. Mas na linguagem mais rebuscada e complexa, como a usada pelos guardiões do Templo, se usavam pronomes pessoais que deveriam concordar com o tempo verbal, expandindo-se as frases para rdjetsái'dja kahdjé e rdjetsá'dja ka, onde kahdjé é "eu (tempo presente)" e ka é "eu (tempo futuro)". Esses pronomes temporais eram usados também em construções adverbiais, como em hatzassáhgol ka, enarká'tsh rdjekéh'dja, literalmente "eu-futuramente chegando, farei a comida", traduzível como "ao chegar/quando chegar, farei a comida".

Os pronomes usados como objeto não possuíam distinção temporal, como em barhá ihíua'dja "te amo", onde barhá "te" era usado para qualquer tempo, como em barhá rdjeihíua'dja "te amarei".

Existia um núcleo principal de derivação que usava um sistema de seis diferentes afixações a partir de uma ideia verbal: tomando-se como exemplo o verbo itneshis'há "escrever", era possível derivar itneshis'házt "escritor" (agente), yitneshis'há'h "grafia" (ação, abstração), itneshis'hátsh "texto" (nome passivo), yitneshis'há'tik "pena de escrever, lápis, caneta" (nome instrumental), yitneshis'háyi "escritório" (lugar da ação), itneshis'háva "escrita" (resquício da ação). O Yikonyiano era um idioma aglutinante, permitindo derivações de derivações, acumulando afixos, possibilitando que surgissem a partir dos termos acima yitneshis'há'hvót "gráfico", itneshis'hát'vót "textual", e yitneshis'háztyi "academia de escritores".

Expressões

  • keitáh "sim"
  • peh "não"
  • have uma saudação.
  • sanamáika ou devehé "obrigado!"
  • narómi "seja bem-vindo!"

 Ligações Externas


  • Site do autor sobre o Yikonyiano (Conteúdo indisponível).
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